Os dicionários não se alongam muito no tema. Segundo o Houaiss, sucesso é “aquilo que sucede; acontecimento, fato, ocorrência” ou “qualquer resultado de um negócio”. O Aurélio tampouco vai muito além: acontecimento, resultado, conclusão. Só no quarto significado é que temos algo próximo do que parece ser a definição geral da palavra: resultado feliz.
Apele para a Wikipedia e não conseguirá ir muito além: “Um certo status social”, “conquista de metas” e o melhor de todos, “o contrário de fracasso”.
Ainda no campos das definições, Zig Ziglar (apesar do nome de rapper, é um conhecido guru de autoajuda) aponta oito fatores considerados como sucesso pelas pessoas: “felicidade, saúde,prosperidade e segurança, ter amigos, paz de espírito, bons relacionamentos e a esperança de que as coisas continuem bem ou fiquem melhores”.
Antes de te entediar imenso, explico o meu devaneio no assunto. Há uns dias, um post da Harvard Business School perguntava, no Facebook, o que é sucesso. Ali, na hora, sem pensar muito, escrevi que sucesso é aquele sentimento que mistura felicidade, satisfação pelas metas alcançadas e realização própria. Quase que eu encaixei paz de espírito, o que teria forçado a barra.
Óbvio que minha resposta – aliás, qualquer resposta – não vai esgotar essa pergunta! Fiquei pensando a respeito desde então.
Como em meus textos recentes sempre há um parêntese mais ou menos nostálgico, aproveito para incluir um aqui: há muito tempo, lá pelos idos de 2006, gastei um bom tempo pensando em qual seria o melhor sentimento do mundo. Só me lembro de ter uma epifania na viagem de volta de Sertãozinho (impossível explicar isso agora). A definição tinha umas três linhas (!), mas me parecia perfeita para a época. O tempo passou e eu me esqueci da definição. Fecha.
Há muitas e nenhuma forma de e definir sucesso.
Ser a pessoa mais rica do mundo.
Ser a pessoa mais famosa.
Ter uma ilha particular.
Ser eleito presidente.
Superar os pais e os avós.
Vender mais discos que qualquer outro artista.
Ter 10 mil, 15 mil, 1 milhão de seguidores no Twitter.
Ter a página mais curtida no Facebook.
Ser motivo de inveja do vizinho.
Não ter vizinho.
Ter uma família.
Ou ter um(a) amante.
Comer sem engordar e beber sem passar mal.
Ou sem passar vergonha.
Ter dinheiro suficiente para não precisar trabalhar mais.
Namorar a pessoa mais linda do mundo.
Sair na coluna social.
Conhecer alguém muito famoso.
Vender mais livros que o Paulo Coelho.
Ser o Paulo Coelho!
Aparecer no Jornal Nacional
Perder a virgindade.
Ou manter a virgindade.
Ganhar na loteria.
Existem também os conceitos de sucesso dos deprimidos, pessimistas e fatalistas. Alguns:
Sobreviver a esta noite.
Não ser a pessoa mais feia do recinto.
Ter dinheiro para pagar as contas.
Não ser notado.
Passar o dia todo dentro do quarto.
Ter um gato.
Ter um gato e um cachorro.
Escrever num blog.
Eu, para variar, tenho uma lista própria. Aliás, o conceito de sucesso, acredito, é diferente de pessoa para pessoa, embora alguns sejam mais ou menos universais. Calma, não estou fugindo à responsabilidade de listar ideias do que seja sucesso. As minhas, sem nenhuma ordem:
Fazer algo que mude a vida de alguém.
Ganhar um sorriso daquela menina.
Ser uma presença discreta e uma ausência insuportável.
Comer bem, sempre que possível.
Comer bem, sempre que possível (eu sei que escrevi duas vezes!).
Ser ridículo quando ninguém mais tem coragem.
Ouvir que é um bom ouvinte (ok, aqui eu abusei da metalinguagem).
Chorar lágrimas de júbilo.
Compartilhar por generosidade e não por vaidade.
Vencer a vaidade, nem que seja no tie-break.
Fazer uma criança sorrir.
Dar uma resposta criativa.
Saber que o melhor lugar do mundo é tão fantástico quanto o mais simples.
Trabalhar pelo propósito e não pela grana.
Fazer com que a pessoa mais fantástica do mundo (nem que seja só para você) saiba disso.
Mudar o mundo.
Muita coisa, eu sei. Se eu fosse perguntado por alguém e tivesse que responder de forma curta, seria assim, à la Millôr:
Sucesso mesmo é ser abraçado de surpresa!