Existe uma banda que nunca acaba (ou Eu também sei falar de Smiths)

Esse texto é sobre The Smiths. Eu gosto de Smiths. Você gosta de Smiths. Mesmo que tenha chegado até aqui procurando algo relacionado a tecnologia, ou procurando outra banda, não deixe de ao menos ouvir as músicas. Eu garanto que ao menos uma delas vai ganhar o seu coração.

Dica: deixe um vídeo baixando enquanto lê, aí solte o play. Nada melhor do que ler sobre uma música escutando-a.

Se preferir não ler, ao menos ouça as músicas e veja os vídeos (eu sempre achei estranho dizer “veja o vídeo”, mas…). Abra outras abas, outros navegadores, leia outros sites. Sem problemas.

Mas, de novo, ouça as músicas. Todas!

E por que razão eu resolvi escrever sobre essa banda antiga e que já acabou há tanto tempo? Aposto que boa parte dos meus contatos do Twitter e do Facebook ou ainda não havia nascido ou não era alfabetizada quando a banda lançou seus melhores discos –ou mesmo quando acabou, em 1987.

Eis que, lendo o blog do Zeca Camargo, fiquei com vontade de ouvir Smiths.

Ao definir o melhor disco de 2011, Zecão gastou bons parágrafos com o disco “The Queen Is Dead”, que em 2011 completou 25 anos (sim, estamos todos ficando velhos. Até a Class of 86 já é coisa de indie velho –e “indie velho” logo, logo será pleonasmo).

Voltando aos Smiths, eu não poderia simplesmente colocar um disco para tocar, apelar para as coletâneas e nem mesmo simplesmente ir me lembrando e procurando as músicas no YouTube ou na Blip.fm, para não falar de baixar as músicas num Soulseek qualquer. Como muita gente hoje em dia é fanboy da Apple, acho pertinente dizer que tampouco serviria comprar as música na iTunes Store!

O que eu fiz, então? Fui até o Google, sempre ele, e digitei “The Smiths”. Cliquei em “vídeos” e então fui ouvindo, um a um, os primeiros resultados da busca. Enquanto os primeiros vídeos carregavam, fiz outras buscas, em outros googles, mudei as palavras-chave, redefini os critérios. Cheguei ao resultado baixo que, espero, sirva ao menos para matar a vontade dos fás e criar interesse nos neófitos.

 

“There Is A Light That Never Goes Out”

 

Essa música foi o primeiro resultado no Google e em outras buscas, não por acaso. Não foi a minha primeira predileta dos Smiths nem a primeira que ouvi. Nunca foi a minha predileta at all, mas quem resiste aos primeiros versos? Ou a todos os versos? Um site a chamou de “a canção de amor mais mórbida da história da humanidade”.

 

A luz que nunca se apaga é a daquele sentimento de quando você percebe que está apaixonado(a), aquele primeiro momento de percepção. A vontade de não desgrudar, nunca mais voltar para casa –e, como bem relata o texto de Zeca Camargo, a improvável e deprê declaração poética de que morrer atropelado por um ônibus de dois andares ao lado da pessoa amada é… “celestial”.

 

“Take me out… toniiiiight”, mas eu durante anos aproveitei o trocadilho do nome para escolhê-la como música do meu aniversário. Muito embora em vários deles eu gostaria que alguém me levasse embora, ainda que só para ficar passeando de carro pelas ruas de uma noite que não acaba. Mas, por favor, nada de ônibus de dois andares.

 

 

 

“How Soon Is Now?”

O que eu vou escrever pode parecer paradoxal, e realmente o é, mas “How Soon Is Now”, embora nunca tenha sido lá um hit para mim (ou seja, não foi das minha prediletas), seria a eleita para descrever a alguém o que foram os Smiths. Se não a eleita, ao menos a vice. Morrissey teria seu lugar garantido em antologias de frases e/ou versos com aquela história de “timidez criminosamente vulgar”.

 

O vídeo (clipe) mostra bem todos os elementos smithianos: a monocromia, o vocal, o estilo dos takes. O penteado de Morrissey também, mas não vamos entrar nesses detalhes.

 

Se o refrão não é lá tão catchy quanto o dos outros hits,  a guitarra é memorável na música toda. O indefectível modo de Morrissey cantar a tristeza e a solidão estão mais presentes do que nunca em “How Soon”, que, ao menos para mim, é a lembrança perfeita do “clima” daquela época –ao menos no que se refere à parte melancólica da coisa. Sabe como é, “eu sou humano e preciso ser amado”.

 

 

 

“Panic”

 

 

Confesso que nem sempre fui um grande fã de Morrissey, Marr e companhia limitada (a saber, Andy Rourke e Marky Joyce), principalmente porque minhas irmãs, mais velhas, gostavam tanto que chegaram a gravar “Suedehead” duas vezes seguidas em algumas fitas cassete.

 

Abre parêntese: elas também tocavam “Love Will Tear Us Appart” (sim, só essa música) e o “ChangesBowie” em looping. Adivinhem se eu não peguei bronca de Joy Division e de David Bowie. A bronca com Bowie permance até hoje. Fecha.

 

“Panic”, caso minha memória ainda seja algo confiável, foi a primeira música dos Smiths de que eu gostei. Single de “The Queen Is Dead”, sem fazer parte do disco, foi a minha predileta deles durante muito tempo. Claro que algumas toupeiras acharam que a música é preconceituosa.

 

“This Charming Man”

 

 

Mais uma heresia de minha parte: não vejo nada de extraordinário nesta música. É uma boa música, claro. O riffzinho de guitarra que dá vontade de fazer aquela dança em que os dois braços ficam indo e vindo de um lado para o outro. Segundo single da banda, lançado em 1983, “This Charming Man” é o que se pode chamar de Smiths em sua essência. Sim, um clássico do indie rock britânico.

Se bem que EU a substituiria tranquilamente por…

 

“Ask”

 

 

… que não liderou nas buscas. Estranho.

 

 

“Ask” é a segunda música smithiana no ranking de provocar no ouvinte aquela vontade de sair dançando com os dois braços de um lado para o outro (mas, por favor, não igual ao clipe!).

 

Quem mais senão Steven Patrick Morrissey para cantar e decantar de forma tão poética e lírica  aquela timidez que, neste caso e nesta música, não é a criminosamente vulgar?

 

Pergunte-me e eu direi (como eu poderia negar?): o amor não vai nos separar em pedaços nem muito menos nos unir. Quem vai nos unir é a bomba.

 

Lançada como single em 1986, logo depois do single “Panic” e tendo a tão bela quanto “Cemetery Gates” como lado b, “Ask” é, caso você ainda não tenha notado, a minha predileta atual.

 

 

 

“The Boy With The Thorn In His Side”

 

 

Claro que não poderia faltar essa. Mal comparando, mas mal comparando meeeeesmo, é a “How Soon Is Now” pop. O pegajosíssimo refrão abre a música, que tem até “wooo woooo hoo”. Marr-Mozz num de seus momentos de maestria, o ponto alto daquele que é considerado o melhor disco da banda. Aquele desejo assassino de compor o pop perfeito. Se você não acredita em mim, aperte o play ali no youtubezinho. Será que você acredita em mim agora?

 

Apenas me explicando: eu realmente escolheria “How Soon Is Now” se precisasse definir Smiths em uma música. Eu só não escolheria “The Boy” porque a associação com “Suedehead” seria imediata e poderia-se correr o risco de pensar que Smiths foi uma banda alegrete. E isso seria um sacrilégio com quem teve a audácia de criar e revelar ao mundo “Last Night I dreamt That Somebody Loved Me”.

 

“The Boy” também tem seu lado triste: o início do fim entre a dupla genial dos Smiths. A carreira solo de Morrissey seguiu por um caminho semelhante ao desta música durante um tempinho. Johnny Marr, ao que tudo indica, saiu da banda por querer explorar novas sonoridades –ele que já andava tocando com outros artistas ditos de vanguarda.

 

Pode não ser a melhor música. Pode não ser a segunda melhor música. Mas tem lugar garantido entre s três melhores músicas dos Smiths.

 

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